PMs presos:
O tenente Halstons Kay Yin Chen e os soldados Francisco Anderson Henrique, Marcelo de Oliveira Silva, Jailson Pimentel de Almeida e Diógenes Marcelino de Melo foram levados disciplinarmente para a Corregedoria da PM após imagens de um cinegrafista amador flagrarem parte da ação. As cenas, que foram exibidas pelo Fantástico, mostram o momento em que o homem é detido. Em seguida, mesmo rendido, é possível escutar um disparo.
Os mesmos PMs mencionados acima também são investigados pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) por suspeita de assassinarem o ajudante Gefferson Oliveira Soares do Nascimento. "O DHPP investiga toda a resistência seguida de morte. Existe presunção de que funcionário público fale a verdade, mas o departamento investiga tudo. As duas vítimas estavam juntas no dia da ação da PM e um outro suspeito foi preso. Está sendo investigado se houve execução no caso das duas mortes", disse Carrasco.
A investigação do departamento tem provas de que policiais militares tiveram intenção de matar o servente Paulo, segundo o delegado Jorge Carrasco. "Nós temos um inquérito aqui que se iniciou como uma resistência [à prisão seguida de morte], e, posteriormente, dadas as provas já colhidas nos autos, depreendeu-se que se trata um homicídio doloso [quando há intenção de matar] contra a vida. Ou seja: homicídio", disse o diretor do DHPP.
O soldado Francisco Anderson Henrique foi ouvido pelo DHPP nesta segunda. Os outros devem prestar depoimento nesta terça-feira. "Posteriormente, será pedida a prisão preventiva de todos", disse Carrasco.
O caso:
Ao registrar a ocorrência, os policiais alegaram que abordaram suspeitos em um carro roubado, houve troca de tiros e o corpo do servente foi encontrado depois em uma viela. Entretanto, um cinegrafista amador registrou os policiais prendendo o servente em uma casa e o levando para o carro da corporação. Neste momento, o vídeo registra o barulho de um disparo. "Os autores são essa guarnição. Todos tomaram conhecimento daquela imagem", disse o delegado.
"As provas estão nos autos já dão, inconteste, que houve um crime doloso contra a vida, homicídio", argumentou. "Todos os casos de resistência são investigados no DHPP e já tivemos casos em que houve uma simulação de resistência e os seus autores foram responsabilizados perante a Justiça", comentou.
O que diz a defesa:
O advogado José Miguel da Silva Júnior, que defende o tenente Halstons Chen, afirmou nesta terça que o servente já estava ferido quando seu cliente chegou ao local. Em seguida, de acordo com o defensor do oficial, o detido tentou retirar a arma de seu cliente durante a revista no caminho até o hospital e houve um disparo.
Para a defesa, a imagem não é clara quanto ao tiro. "Meu cliente não atirou em nenhum momento. Ele foi chamado para a ocorrência e quando foi socorrer o servente, que estava ferido, o sujeito tentou tirar a arma dele e alguém disparou. Ele não viu quem foi. Depois, quando o detido era colocado no carro, foi ouvido mais outro disparo, mas ele não soube dizer de onde partiu", afirmou.
O G1 não obteve contato com os advogados dos demais policiais detidos.
Governo lamenta morte:
Em nota, a Polícia Militar informou, após a divulgação das imagens do caso, que o comandante geral "considera lamentável a ocorrência, que não reflete a conduta da maioria dos policiais de São Paulo".
Ainda na segunda, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu que houve crime na ação dos PMs. "Nós tivemos um caso de execução de um preso por parte de um PM [policial militar] e isso é intolerável", afirmou.
Alckmin disse que esse não é o comportamento padrão da tropa e que ações excepcionais como essa devem ser investigadas e punidas. "A Polícia Militar já prendeu toda a equipe. Poucas horas depois da descoberta do fato, cinco policiais foram presos e responderão a processo. Aqueles que forem responsabilizados, serão expulsos da polícia. Não há nenhuma tolerância.", afirmou.
Fonte do texto: G1 São Paulo
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